Sunday, July 27, 2014

Alaafin Ilú-ọba Ọ̀yọ́ ti dé

A tradução do título acima para o Português é:

O Alaafin do Império de Oyó chegou!


A palavra Iorubá “Ọba” traduzida para o Português significa “Rei”. Porém nas terras Ọ̀yọ́ (que nós vamos transliterar para o Prtuguês como “Oyó), a palavra usada é Alaafin (que teria como origem etimológica a palavra “Ofín” que significa “Aquele que dita as Leis”, ou “Senhor da Lei”, ou “Legislador”).
Amanhã, dia 28 de Julho, acontecerá a abertura do 1º Seminário para Preservação do Patrimônio Cultural Compartilhado entre o Brasil e a Nigéria, com resultado da iniciativa conjunta de cinco Templos da Tradição Iorubá-Nagô que já foram devidamente  tombados como patrimônio nacional do Brasil. São eles:  Ilé Àse Iyá Nassó Okà (Casa Branca do Engenho Velho), Ilé Àse Opo Àfonjá, Ilé Iyá Omi Àse Iyamassé (Terreiro do Gantois), Ilé Maroialaji (Terreiro Alaketu) e Ilé Osùmàré Arákà Àse Ogodó (Casa de Oxumarê). A referida iniciativa conta com o apoio do Ministério da Cultura, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN e do Governo do Estado da Bahia, e é parte do esforço para o incentivo e promoção da interlocução acerca da preservação e salvaguarda dos nossos bens culturais.
Este seminário contará, sobretudo, com a valiosíssima participação de representantes vindos da Nigéria, um dos principais berços das religiões tradicionais africanas preservadas no Brasil. Integrarão o grupo: o Ministro da Cultura do governo nigeriano, líderes tradicionais representantes da diversidade cultural da cidade de Oyó e, finalmente, Sua Majestade Imperial, o Alaafin de Oyó, Oba Ladeyemi III, acompanhado de sua comitiva tradicional. Este último é tido como pai e guardião do povo ioruba, herdeiro da coroa de Xangô.
O império de Oyó era um império Iorubá localizado em uma região geográfica que engloba o que é hoje as partes ocidental e norte da Nigéria. Foi fundado no século 14, e cresceu para se tornar um dos maiores estados do Oeste Africano encontradas pelos exploradores pré-coloniais. Ele floresceu a custa da capacidade de organização dos Iorubás. A sua riqueza obtida através do comércio e das conquistas da sua poderosa cavalaria. O império de Oyó foi o estado politicamente mais importante na região a partir de meados da década do século 17 até o final do século 18, dominando não só a maioria dos outros reinos das terras Iorubás, mas anexando também partes de estados africanos vizinhos, especialmente as terras a oeste, pertencentes ao Reino Fon do Daomé,localizado onde está hoje a moderna República do Benin.
O Obá (Rei em Iorubá) Lamidi Olayiwola Adeyemi III (nascido em 15 de outubro, 1938) é o Alaafin, ou governante tradicional, do estado de Oyo. A capital de Oyó é Ọ̀yọ́-ilẹ̀. A língua oficial é o Iorubá, e a religião é a Religião Tradicional Iorubá, ou seja, é o culto aos Orixás. Dentre os Monarcas mais importantes da história de Oyó, estão:
1.     Oranyan ( Fundador mítico do Imperio de Oyó)
2.     Ajaka
3.     Xangô
4.     Ajaka
5.     Aganju
Serão realizadas mesas-redondas, palestras, apresentações culturais e visitas às cinco casas tombadas.

28 de julho (segunda-feira) 
Fórum Ruy Barbosa (Palácio da Justiça)

14:30 a 15:50 | Solenidade de Abertura.

16:00 a 16:40 | Palestra magna de Sua Majestade Imperial, o Alaafin de Oyo.

16:40 a 17:00 | Apresentação Cultural. 

17:00 a 18:30 | Mesa-Redonda 1: Nos caminhos de Xangô: o patrimônio cultural compartilhado entre Oyo e a Bahia.
1) A importância do Império de Oyo e a riqueza cultural preservada na cidade de Xangô;
2) A centralidade do culto de Xangô nos terreiros de Candomblé Nagô da Bahia e suas ligações com império de Oyo. 

18:30 a 20:00 | Mesa-Redonda 2: Problemáticas e Instrumentos da Preservação e Salvaguarda do Patrimônio Compartilhado no Brasil e na Nigéria.
1) Políticas públicas para a preservação e valorização do patrimônio cultural dos povos e comunidades de matriz africana no Brasil (tombamento, mapeamentos e planos de gestão integrada);
2) Proteção e gestão do patrimônio cultural da cidade de Oyo: possíveis mecanismos de proteção. 

29 de julho (terça-feira)
09:00 a 12:00 | Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho
Visita da comitiva de Oyo ao Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho encontro sobre ações preservacionistas, origens, ancestralidade e manutenção das tradições.
14:00 a 17:00 | Casa de Oxumarê
Visita da comitiva de Oyo à Casa de Oxumarê encontro sobre ações preservacionistas, origens, ancestralidade e manutenção das tradições.

30 de julho (quarta-feira)
09:00 a 12:00 | Ilê Àse Opo Afonjá
Visita da comitiva de Oyo ao Terreiro Ilé Àse Opo Àfonjá para encontro sobre ações preservacionistas, origens, ancestralidade e manutenção das tradições.
14:00 a 17:00 | Terreiro Alaketu
Visita da comitiva de Oyo ao Terreiro Alaketu para encontro sobre ações preservacionistas, origens, ancestralidade e manutenção das tradições.

31 de julho (quinta-feira)
09:00 a 12:00 | Terreiro do Gantois
Visita da comitiva de Oyo ao Terreiro do Gantois para encontros sobre ações preservacionistas, origens, ancestralidade e manutenção das tradições
31 de julho (quinta-feira)
09:00 a 12:00 | Terreiro do Gantois
31 de julho (quinta-feira)
13:00 a | Saída para a visita a Pedra de Xangô, na Fazenda Grande II



Monday, July 14, 2014

O significado original da palavra “IAÔ”

Quando perguntados sobre o significado da palavra “IAÔ” (que é a pronúncia comumente atribuída à palavra “IYAWÓ”, da língua Iorubá), as pessoas ligadas ao Candomblé, iniciados ou não, e até mesmo os próprios Iorubanos dos nossos dias respondem: “Esposa”, mesmo sabendo esses últimos, que a palavra mais adequada para representar o substantivo (ou mesmo adjetivo) “ESPOSA” na língua Iorubá, é a palavra “AYA”.  Então, como a palavra ioruba para “IYAWÓ”, veio a representar a “ESPOSA”? Existe um Odú do Ifá (um trecho do Iwe Odu Ifa --- Ogbe Oyeku - Ogbe Ofun) que explica a etimologia da palavra “IYAWÓ”. Havia um Reino Iorubá de nome Iow. O seu Rei estava para casar a sua filha mais velha. Vários forma os pretendentes que se apresentaram para receber a mão da jovem em casamento. Dentre esses estavam Ogun Xangô e alguns outros Orixás de peso e nome. A jovem, de nome Iya, a todos desprezou. Além de maltratá-los, e se mostrou uma pessoa rude e de comportamento explosivo e problemático. Todos esses pretendentes fugiram no primeiro dia que passaram no Reino de Iow.

Antes de viajar para Iow, Orunmilá foi advertido de que, não se importasse com o comportamento que Iya tivesse para com ele. O conselho que lhe foi dado foi que tivesse muita paciência, pois seria extremamente maltratado e humilhado pela sua pretendida, mas que suportasse o teste.

Dito e acontecido. Ao chegar à presença de Iya, esta, ao ver Orunmilá soltou ela um silvo de serpente. Depois disso, ela não o cumprimentou nem retribuiu seu cumprimento. Ela chamou Orunmilá de todos os tipos de nomes, impropérios imprecações e atribuiu a ele todas as piores qualidades que pode imaginar. Não preparou para ele qualquer alimento ou dedicou lhe qualquer forma de entretenimento, como rezava o costume com relação a visitantes. Orunmilá apenas a ignorou. Assim neste quadro de iniqüidades, passaram os dias. O primeiro dia, o segundo dia, até cerca do sétimo dia. Nesse dia, para coroar todas as humilhações, Iya tomou de Orunmilá o seu Opon-Ifa e usou como instrumento de cozinha, e tomou a sua bolsa (APON OMINIJEKUN). Esses dois atos enfureceram a Orunmilá enormemente. Mas, mesmo assim, ele se recusou a reagir. Não mostrou qualquer sinal de raiva ou aborrecimento. O Rei, a distancia, tudo observava, e notou que Orunmilá era muito paciente e que no longo prazo, cuidaria bem da sua filha, e seria um bom esposo para ela. Pelo seu comportamento, o Rei  sentiu  a garantia de que ele seria o esposo ideal para sua filha se ela se tornasse esposa de Orunmilá. Assim, o Rei chamou Orunmilá e deu Iya a ele como esposa. Além disso, ele repartiu sua propriedade em duas partes, dando uma delas para Orunmilá, que assim tornou-se rico e tinha como Iya. De volta a sua cidade natal, as pessoas vendo que ele trazia ao seu lado, uma nova esposa, perguntavam sobre ela e ele respondia: “Ìyà-ti-mo-jẹ́-ni-Iwo”, que traduzido para o Português significa: “o resultado do meu martírio em Iwo”. Estas seis palavras foram condensadas em uma só: Iyawo, que representa essa passagem do revelada no Ifá e significa também uma boa esposa, vez que Iya se tornou uma excelente esposa. 

Referencia
https://www.facebook.com/notes/olaniyi-oluwatobi/original-meaning-of-iyawo/10201462489105778
Imagem: http://baronsamedilwaguede.blogspot.com.br/2011/03/ikodide.html