Tuesday, July 19, 2016

Curso Presencial de Introdução a Língua e Cultura Ioruba-Nagô na Estácio – FIB 2016.2


Èṣù j òrìà kan pàtàkì ti a ńsin jákèjádò ilẹ̀ Yorùbá. Èṣù ni o lagbara jú nínú gbógbó iránṣ Ọlọ́run.

Tradução: Exú é um Orixá importante e adorado em toda a terra Iorubá. Ele ´o mais poderoso entre todos os servidores de Deus.

“Os primeiros europeus que tiveram contato na África com o culto do orixá Exu dos iorubá, venerado pelos fòn como o Vodun Legba ou Elegbara, atribuíram a essa divindade uma dupla identidade: a do deus fálico greco-romano Príapo e a do diabo dos judeus e cristãos. A primeira por causa dos altares, representações materiais e símbolos fálicos do orixá-vodun; a segunda em razão de suas atribuições específicas no panteão dos orixás e voduns e suas qualificações morais narradas pela mitologia, que o mostra como um orixá que contraria as regras mais gerais de conduta aceitas socialmente, conquanto não sejam conhecidos mitos de Exú que o identifiquem com o diabo (PRANDI, 2001, pp. 38-83) ”.

 

A Identidade é uma categoria efetivamente importante para compreendermos como o indivíduo se constitui, influenciando sua autoestima e sua maneira de existir. Neste sentido, é fundamental, para a compreensão da problemática do Afrodescendente, o conhecimento das formas pelas quais ele desenvolve sua identidade, principalmente em contextos sociais adversos, onde é discriminado.

Aproximadamente três milhões e meio de negros Africanos foram trazidos através do tráfico para serem escravizados no Brasil. Com a escravidão, as famílias e clãs dos povos africanos eram separados arbitrariamente. No Brasil, a religião católica lhes era imposta pelos senhores. É errôneo o conceito que prega ser a cultura africana-brasileira, uma “sobrevivência” que se mostrou mais efetiva nos centros urbanos e nas grandes fazendas de açúcar.

O presente curso, aberto a todas as pessoas interessadas na Cultura Geral Afro-brasileira, independente de raça, cor, credo, orientação sexual, opção política, etc., vem mostrar que, ao contrário do que se divulga, a cultura africana-brasileira é resultado de um diálogo permanente. Nesses locais havia maior concentração de escravos que se reuniam com seus povos de origem, dando continuidade a seus rituais e cultos de forma velada. A cultura foi mantida viva também pelo constante número de escravos que chegavam ao Brasil, trazendo a força das raízes ancestrais e tradições africanas. E a contribuição dos

“Retornados” (homens e mulheres que voltaram para a África, depois de abolida a escravidão) para o quadro cultural dos dois lados do Atlântico, é fundamental para a sobrevivência dessa cultura. Nesse sentido o candomblé se constituiu exemplo lapidar de organização de esforço.

Nesse contexto, a transversalidade nas políticas culturais se mostra importante. No caso dos terreiros de candomblé e das comunidades remanescentes de quilombos, por exemplo, a continuidade e a preservação de sua cultura são inseparáveis do seu território. Contudo é importante que se dê nota ao caráter de resistência desempenhado pelo Candomblé enquanto agremiação política de concentração de poder cultural papel esse “invisibilizado” pela postura eurocêntrica das elites brasileiras, que costumam restringir o Candomblé a condição de “prática religiosa pagã”, como parte do esforço permanente pela “demonização” das matrizes africanas. Entretanto é justamente o Candomblé que vai posicionar o conhecimento da Língua e da Cultura Ioruba- Nagô como suporte estratégico na luta pelo resgate da cidadania afrodescendente. É o conhecimento da Língua e da Cultura Iorubá que vai cimentar a identidade cultural diferenciada. É do Candomblé que surge a associação da Bahia com a prática Orixá e o diferencial positivo que essa associação traz em termos de dividendos turístico, políticos e culturais para essa terra, em troca do desprezo e da discriminação dos seus legítimos herdeiros em nome da manutenção de um status quo que coloca o Brasil como uma nação europeia distante da sua população afrodescendente, negando assim parte importante da sua herança de sangue e de cultura.

 

Curso de Introdução a Língua e Cultura Ioruba-Nagô

Modalidade: Presencial

Local: Centro Universitário da Bahia – Estácio FIB – Campus Gilberto Gil

            Rua R. Xingu, 179 - Jardim Atalaia, Salvador - BA, 41770-130

Inicio: 3 de agosto de 2016

Termino: 19 de outubro de 2016 [ao todo serão dez (10) encontros]

Horário: Das 18:00 as 20:00.


(Abrir sempre utilizando o navegador Internet Explorer).

Contatos: Profa. Thais Gualberto

Professor Adelson (98644-7753)

 

 

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